
É gostoso o cheiro da madrugada depois de chuva. O céu limpo se veste do índigo-perolado véu lunar, e damas-da-noite florescem. Brotam lembranças de noites passadas, quando, em certa época do ano, à noite, a lua decidia me embalar o sono e iluminava-me a cama inteira. Às vezes, eu deixava de lado o lençol para melhor sentir sua névoa prateada em minha pele. É a lua que nutre meus sonhos. A madrugada surte em mim o efeito de uma epifania etérea, sempre obscurecida pelo torpor do dia. E, ainda hoje, em noites assim claras, banhado em luz fria, tenho a impressão de ouvir no silêncio quase místico canções de ninar. Brilham sonzinhos de xilofone no céu.
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