"Agora preciso de tua mão, não para que eu não tenha medo, mas para que tu não tenhas medo. Sei que acreditar em tudo isso será, no começo, a tua grande solidão. Mas chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas como eu agora: por amor. Como eu, não terás medo de agregar-te à extrema doçura enérgica do Deus. Solidão é ter apenas o destino humano.
E solidão é não precisar. Não precisar deixa um homem muito só, todo só. Ah, precisar não isola a pessoa, a coisa precisa da coisa: basta ver o pinto andando para ver que seu destino será aquilo que a carência fizer dele, seu destino é juntar-se como gotas de mercúrio a outras gotas de mercúrio, mesmo que, como cada gota de mercúrio, ele tenha em si próprio uma existência toda completa e redonda.
Ah, meu amor, não tenhas medo da carência: ela é o nosso destino maior. O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente. O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça -- que se chama paixão."
(Clarice Lispector -- A paixão segundo G.H., p 170)
Não morro de medo porque de medo a gente se mata.
ResponderExcluirEu me escondo, fujo mesmo. Não é mesmo justo eu te por numa cruz.
Assisti Amélie pela milésima vez. A gente é daquele jeitinho ali...
"Então, minha querida Amélie, você não tem ossos de vidro. Pode suportar os baques da vida. Se você deixar passar essa chance, então, com o tempo, seu coração ficará tão seco e quebradiço quanto meus ossos. Então, vá em frente, pelo amor de Deus."
E faz o que, com tanto sim e com tanta covardia?