Este blog surge a partir do módulo "Arte e Literatura: Humanidades Médicas I" do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará. O módulo tem por objetivo explorar, junto com as e os estudantes de graduação em Medicina, outras dimensões da práxis médica que não apenas as competências tecnológicas duras. Para isso, lança mão de recursos pedagógicos vivenciais e audio-visuais, trazendo elementos da Literatura, das Artes Plásticas, do Cinema, bem como das experiências pessoais compartilhadas pelas e pelos estudantes.
Apesar disso, hoje o blog não quer se definir. Aqui encontram-se estranhamentos e aleluias cotidianos de um contínuo tornar-se.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sobre o adoecer

"A maioria das doenças que as pessoas têm
São poemas presos.
Abscessos, tumores, nódulos, pedras são palavras calcificadas,
Poemas sem vazão.
Mesmo cravos pretos, espinhas, cabelo encravado.
Prisão de ventre poderia um dia ter sido poema.
Mas não.
Pessoas às vezes adoecem da razão
De gostar de palavra presa.
Palavra boa é palavra líquida
Escorrendo em estado de lágrima

Lágrima é dor derretida.
Dor endurecida é tumor.
Lágrima é alegria derretida.
Alegria endurecida é tumor.
Lágrima é raiva derretida.
Raiva endurecida é tumor.
Lágrima é pessoa derretida.
Pessoa endurecida é tumor.
Tempo endurecido é tumor.
Tempo derretido é poema"

(Viviane Mosé

Receita para arrancar poemas presos)

Postagem clichê

Acho clichê essas postagens de começo de ano que falam exatamente sobre isso, sobre expectativas e promessas autodirigidas. Mas me parece inevitável, desta única vez, fazer uma espécie de ruptura, ou de demarcação de um outro momento. O fato é que, como se vê, decidi continuar o blog e, como sei que ao menos duas pessoas dão uma passadinha por aqui, explico-me. Não se trata de uma ruptura séria, mas de uma desobrigação -- existe? -- com a disciplina de Humanidades Médicas I, uma vez que esta já acabou. No entanto, penso que o conteúdo que aqui será postado, continuará perpassando aqueles assuntos, uma vez que dizem tanto a respeito de minha caminhada, não só acadêmica, mas pessoal.
No mais, permitam-me os clichês ao menos nesse começo de ano... por exemplo: deixem-me desejar coisas para este ano. Que 2010 seja vivido! Construído, sentido e às vezes -- por que não? -- distraído. Que tenha gostos, cheiros, movimentos e defeitos. Que seja leve, que seja doce e vermelho. Que não continue sempre como 2009. Que seja melhor. E pior também. Livre. Sim!